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quarta-feira, 20 de março de 2013

Cinema com Sorvete




Para nós que já entramos nos “enta” e deles não sairemos, assim espero, a não ser que perpetuemos chegando ao ao centenário, temos muitas histórias e lembranças para revivermos.


Pois é, estava aqui pensando, de uns dias para cá andei tendo flashes do passado, e comecei a me recordar de detalhes da minha infância e adolescência, retrato típico da zona sul do Rio de Janeiro, mais propriamente dito de Copacabana. Desses pensamentos fiz um álbum de fotos mental como se fossem slides se apresentando e então decidi comentá-los, pois quem viveu essa mesma época há de se lembrar de absolutamente tudo, principalmente quem pertenceu à mesma tribo.

Vamos lá, falarei de um dos saudosos cinemas da Zona Sul. O Metro Copacabana, não era um luxo? Aquelas escadarias que até pareciam as de Scarlet O’Hara em O Vento Levou, monumentais e as quais desde criança eu era freqüentadora, pois meus pais iam me levar para assistir Tom e Jerry na matinée das duas horas da tarde.

Depois já crescida frequentava o mesmo local para assistir os filmes do momento. Lembro-me de duas grandes estréias, Tubarão e Inferno na Torre. E em todas elas lá estava eu e meus amigos, e quem sabe um de vocês que esteja lendo isso agora, lá em uma dessas exibições desfilando por aquelas escadas, comprando aquelas balas que eram uma boneca rosa,lembram?Ou Mentex que seja, ou balas Toffe, esperando o início da sessão, embora naquela época fosse permitido entrar a qualquer momento, inclusive passar o dia inteiro no cinema só na rotatividade e assistindo mil vezes o filme até decorar as falas dos personagens.

Ah! Isso sem comentar a possível carteirada falsa (falsificação grotesca da carteira de estudante) para aqueles que necessitavam driblar a censura e enganar o porteiro do cinema. Já fiz dezenas de vezes e nunca fui barrada,

mas se quer saber, acho que por pura sorte e camaradagem do responsável pela minha entrada, porque já vi gente voltar com o rabo entre as pernas e sempre achei aquilo humilhante e tinha verdadeiro pavor de passar por aquela situação.

Começava a sessão e tinha aquele Canal 100 com aquela musiquinha inesquecível e depois aquele condor, vocês se lembram, onde todos começavam a gritar como se quisessem enxotá-lo dali. E claro, o leão abrindo aquele bocão... até hoje ele vive.

Naquela época não tinha celular para incomodar, porém existiam os fumantes que fumavam escondido (!?!?) que achavam que ninguém percebia, até o lanterninha chegar junto e chamar a atenção. Mas na realidade não dava em nada. Eu mesma vergonhosamente admitindo, já fiz isso algumas vezes, embora hoje não seja mais fumante e mesmo que fosse não teria tal coragem. Mas o que mais me espanta é a idiotice, minha inclusive, de achar que ninguém percebia e que enganaria as pessoas. O que acontecia na realidade é que as pessoas não se incomodavam com o cigarro como hoje. Aliás, as pessoas não se incomodavam com muita coisa, eram bem menos estressadas. Se isso acontecesse nos dias atuais provavelmente estariam todos em cana.

Acabada a sessão, me dirigia voando para aquela sorveteria chamada Zero que tinha uma casquinha de sorvete gigante bem na porta do estabelecimento. Nossa, que loucura! O vendedor mergulhava o sorvete naquela calda de chocolate quente e saía petrificada, tudo pronto para ser degustado, e o melhor de tudo, sem culpa se vai engordar ou não.

Não sou saudosista, mas tenho saudades desses cinemas, assim como o Caruso e outros em Ipanema , Leblon. Eram bonitos, luxuosos... Mas infelizmente isso acabou devido a necessidades atuais e tivemos que nos adaptar às salas, o que não é mal, apenas muito diferente.

Além da beleza desses cinemas, fica na memória filmes neles mostrados, histórias vividas ali, enfim uma parte de nossa vivência que já não existe mais fisicamente, porém é

deliciosamente maravilhoso de recordar e impossível de esquecer.

Então para quem gosta e frequenta cinema eu diria que a época glamourosa daqueles enormes espaços acabou, hoje temos salas muito legais, cult, agradáveis, no meio de Casa de Culturas, respirando e vivendo arte.Então como no passado, vamos curti-las porque daqui a trinta anos não saberemos onde vamos assistir um filme e quem sabe estarei aqui novamente escrevendo sobre como era a maravilhosa a sala do Instituto Moreira Salles ...

Mas foi legal, sem dúvida nenhuma uma época bem aproveitada

Claudia

2 comentários:

  1. Com esse teu poste, viajei quilômetros de distancia e voltei anos atras e relembrei minhas fotografias de vida.

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  2. Que bom que gostou...volte sempre!!!! Bjoooooooo

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